Uma lição sobre humildade com o banana boat
Entre outras lições pra uma pessoa (às vezes) excessivamente confiante.
Quando, observando um banana boat ir em direção ao fundo do mar, nos questionamos em voz alta se seríamos capazes de nadar de volta até a margem a partir do barco, eu respondi (com a certeza de quem diz que é capaz de comprar uma dúzia de laranjas na feira: “Acho que eu conseguiria. Eu sei nadar, ué.”
Rapaz, pra minha surpresa de ninguém, eu estava errada.
Num dos finais de semana de janeiro, fui aproveitar o lado bom de trabalhar remoto no calor infernal do verão de São Paulo pra passar uns dias no litoral e poder dar um mergulho durante a pausa do almoço. Acontece que, quando pisamos na areia uma bela manhã, haviam instalado uma barraquinha de banana boat (e por barraquinha, quero dizer dois guarda-sóis e uma mesa de plástico) bem na frente da rua onde estávamos. Peguei o telefone do cara e pedi pra ele me avisar quando tivesse um barco saindo (pois eles esperavam acumular um grupo, sem hora fixa pra zarpar).
Na mesma tarde, uma mensagem às 15:10, o contato “Jony do banana”: “Tem um grupo se preparando pra sair agora, querem vir? Venham rápido”. E você nunca me viu passar protetor solar tão rápido (nem tão mal) enquanto fazia um PIX.
Assim que caí do barco - ou melhor, fui empurrada por uma mulher embriagada e 2x maior que eu - na água, de colete salva-vidas, já engoli meio litro de água. Caí em cima da Nate, cujos ombros do colete estavam batendo na testa. Tossi por uns 40 segundos antes de me localizar em relação ao banana boat, nadando igual cachorrinho. Olhei pros lados, ufa!, me entendi.
Os guias estimaram a profundidade em 6m. As ondas estavam fortes naquele dia. Tentei dar umas braçadas, mas não saía do lugar - a correnteza me empurrava na direção oposta à que eu nadava, fazendo eu não conseguir me afastar a mais que 2m da base do barco. Nadando de costas, fui um pouco mais longe. Mas nem perto de me tornar capaz de nadar até a margem de novo 🤪
Pois é, o banana boat me deu um caldo de humildade. Mas é claro, eu não nado com frequência, como esperava cair no mar e sair nadando uns 800m tal qual Cesar Cielo?
Dito isso, seguem outras coisas que lembraram de manter a humildade em dia, tudo em janeiro:
Banana boat: não, eu não conseguiria nadar em alto-mar até a faixa de areia sem boia para sobreviver.
Artigo acadêmico: não, eu não conseguiria escrever um artigo perfeito depois de 4 anos sem praticar a escrita acadêmica.
Andar 400 km de bike no mesmo dia: é óbvio que não. Mas o TikTok quase me convenceu de que sim.
Cruzadas nível Médio: pois é, tive que voltar pro nível fácil.
Subir repentinamente a carga no leg-press: a minha visão ficando turva e preta na academia, enquanto eu ficava sentada no equipamento esperando não desmaiar, diz tudo que você precisa saber.
Ensinar alguém a dirigir: não, não é óbvio pra todo mundo como um volante funciona só porque é óbvio pra mim (que dirijo há 7 anos, e sempre fui muito observadora de meus pais dirigindo há mais anos ainda).
Subir uma parede de escalada nível avançado: quando caí no colchão no chão, só pude ouvir meu amigo dizendo, no fundo: “Sem saber que era impossível, foi lá e soube” 🙏
Mas o importante é acreditar em nós mesmos, né não? Se não, quem vai?
De bônus, uma página do meu sketchbook sobre o episódio:
Coisas que tenho lido, visto ou ouvido:
🍿 Um filme: vou revogar minha carteirinha do Letterboxd porque faz simplesmente 1 mês que não vejo um filme.
▶️ Um vídeo: How we can find ourselves in data | Giorgia Lupi - TED. Giorgia Lupi é uma diva né.
💻 Um site: Wonders of Street View. Cada hora que você entra, ele carrega um novo lugar aleatório e incrível no Google Street View.
👂 Um podcast: “O apagão”, da Rádio Novelo. Gente, esse é o episódio mais chocante que eu me lembro de ter ouvido desse programa, eu amo.
💡 Uma ideia: colar post its nas coisas pra escrever seus nomes em espanhol, e assim, aprender vocabulários novos.